segunda-feira, 22 de abril de 2013

Qual o gosto?



"Desde que nascemos, quase sem percebermos, nossa vida orbita a partir da língua. Não da língua falada, mas deste músculo mágico que nos faz sentir sabores doces, amargos, azedos, salgados, ou, até mesmo, inidentificáveis.
Desde o momento em que colocamos nossos lábios no seio de nossas mães, passamos a sentir, enquanto sorvemos, o sabor da vida. Passamos pelos doces, balas, sorvetes, biscoitos e rapaduras que transformam nossa boca no centro mundial do açúcar. Saímos da infância, ingressamos na adolescência e caímos dentro da boca de alguém.
Exatamente, falo do beijo, de línguas de sabores diversos acariciando-se lenta e ritimadamente (ou não), sem pressa, sem compromisso, relógio ou preocupações. Naquele momento, lábios, bocas, saliva e sabor. Muito sabor.
Qual o gosto do beijo? Depende do momento, não basta apenas a sensibilidade das papilas gustativas, tudo o que, mais uma vez, orbita ao redor da boca interfere no paladar. O beijo roubado, o beijo mordido, o beijo forçado, o beijo feroz, o beijo na orelha, no pescoço, no ombro, nas costas...
O beijo pode ser doce, amargo, áspero, ritmado ou sem compasso, luminoso, melecado, macio ou aguado, não importa. Cada um tem seu sabor. Mas qual o gosto do beijo ideal?
Não é a pasta de dentes ou o chiclete que fazem a diferença, mas o abraço, o carinho, o afagar ou puxar cabelos, a respiração ofegante, o que ouvimos, vemos, cheiramos, a energia magnética que os corpos entrelaçados se transmitem. Enfim, o gosto do beijo depende da abertura de todos os sentidos. Assim, descobriremos que o gosto do beijo ideal é o gosto da vida. Beije, cheire, ouça, veja, sinta, descubra seus sentidos e dê maior sentido à vida."