domingo, 31 de março de 2013

Amor x Sexo


O maior erro que alguns meios de comunicações cometem, sobretudo os de repercussão nacional, é a comum confusão entre sexo e amor. Esse caos mental é propagado propositalmente para confundir as pessoas, especificamente os jovens e adolescentes – quase sempre explorados por interesses egoístas numa sociedade hedonista. O equívoco de muitos é a aceitação da ideia vendida de que sexo é amor. Sem dúvida o sexo é parte vital do ser humano, mas não é tudo como muitos pensam... ou querem demonstrar e impor.

Sexo e amor são distintos: o primeiro [sexo] é algo carnal, instintivo, libidinoso que pode e deve ser feito com amor, mas não esgota a essência do amor. O segundo [amor] é algo metafísico, transcende o mundo físico, é uma estética que ultrapassa a razão humana; algo considerado por alguns como divino – para os cristãos “Deus é amor” (1 Jo 4, 8).

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844 –1900) orienta que antes de duas pessoas se casarem deveriam interrogar-se: teremos prazer em conversar por toda a nossa vida, até que a morte nos separe! Sim ou não? Se sim, convém casar-se. Se não, evite o casamento, ao menos com essa pessoa, pondera o pensador alemão. A afirmação anterior ganha peso pelo fato do sexo ser efêmero. No futuro restará apenas à conversa e a amizade. O sexo é importante, mas, casar-se somente pela atração sexual é pouco [...] é um reducionismo brutal da belíssima sexualidade humana. Embora Nietzsche tenha afirmado que o cristianismo deu veneno ao Eros, não o matou, mas tornou esse [Eros] um vício na mentalidade cristã. Considero a ressalva nietzschiana importante, no entanto, pondero que a Igreja ou a Religião com sua sabedoria doutrinal e histórica, não tornaria amarga, uma das coisas belíssima da natureza humana [sexualidade], se não fosse por prudência e preocupação com o ser humano.

O escritor mineiro Rubem Alves (1933) diz que o diálogo deve ser o fio condutor dos relacionamentos – principalmente entre casais O educador defende dois tipos de conversa: a tênis; em que o propósito é tirar o outro da jogada. Essa deveria ser evitada em todas as relações. E a frescobol; que a finalidade ou intenção é manter o outro no jogo, quanto maior a afinidade, melhor o desempenho. Nos relacionamentos devemos sempre primar pelas conversas frescobol, elevando sempre a auto-estima da pessoa que estamos relacionando ou conversando.

Pensemos nos nossos relacionamentos? Estamos tendo conversas que ajudam as pessoas a elevarem sua auto-estima? E quem busca o matrimônio, esta disposto a conversar com essa pessoa pelo resto de suas vidas? Usamos de forma equilibrada, comedida e ponderada nossa sexualidade?

Algumas pessoas usam sua genitalidade desmedidamente e acabam usando outras pessoas como objetos e não como seres humanos! Essa atitude é antiética e imoral, antes de qualquer preceito religioso ou doutrinal...

Por Márcio Alexandre da Silva (Márcio Alexandre da Silva é formado em Filosofia e educador da rede pública de ensino do Estado de São Paulo- Assis - SP).